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CLÍNICA DO VAZIO


Pensar em uma temática como a que está aqui proposta é o mesmo que penetrar o inacabável, já que estamos imersos no universo contemporâneo das incertezas, e do não lugar.

Vivemos a aceleração ocidentalizada de um contexto competitivo que garimpa a sua auto afirmação enquanto país em ascensão objetal. Esta velocidade parte de uma produção assustadora das articulações políticas que patrocinam a evolução tecnológica como mecanismo ostentador da qualidade sócio-politico-econômica. O que provoca uma desumanização do individuo que passa a tornar-se instrumento ou maquina de uma geração de capital monetário.

Daí a necessidade de investir a vida no tecnicismo caro, exterminador do tempo, e manipulador das relações. Martim Buber já disse no seu livro Eu Tu, Eu isso: que as relações com os seres humanos tem se tornado relações objetais, ou seja, se relacionam com o humano como se o fizessem com as coisas. Aí, nesta perspectiva ele apresenta dois verbos que como em uso atual, são sinais de uma mudança patológica de valores.

Os verbos usar e amar são aplicados erradamente. Hoje se usa as pessoas e se ama as coisas. Há que se amar as pessoas e usar as coisas. Contudo, não admitir esta patologia do self que desintegra o outro da sua relação humanizada, é um sintoma daqueles que estão em um estado quase que sem volta, “hemiplégicos”, paralisados diante deste aspecto existencial DA vida, ou seja, mergulhados, sem oxigênio em um “oceano” egoloide e de valores superficiais como: distanciamento da família, ( a babá cuida), distanciamento dos “afetos”(falamos on line), distanciamento das amizades,(mandamos recados via orkut) distanciamento da vida enquanto acolhimento,sorriso, festa , encantamento e sonho. Como já disse Leonardo boff: O nosso universo relacional tem sido prejudicado pela comunicação virtual viciadora de um comodismo nefasto que prende as pessoas às cadeiras, impedindo-as de estabelecerem encontros de fato, onde o toque e a afetividade concreta sejam realidades e não abstrações das palavras, escondidas pelas telas computadorizadas.

“A relação com a realidade concreta, com seus cheiros, cores, frios, calores, pesos, resistências e contradições é medida pela imagem virtual que é somente imagem. O pé não sente mais a grama macia, a mão não pega mais um punhado de terra escura. “O mundo virtual criou um habitat para o ser humano, caracterizado pelo encapsulamento sobre si mesmo e pela falta do toque, do tato e do contato humano.” O mundo desencantado, do não sonho. Boff: “Para mudar o mundo para melhor, para fazê-lo menos injusto, parte-se da realidade concreta à que chegam em sua geração.E não fundadas em devaneios, falsos sonhos, sem raízes, puras ilusões.O que não é possível é sequer pensar em transformar o mundo sem sonho, sem utopia ou sem projeto.A transformação do mundo necessita tanto dos sonhos como da indispensável autenticidade dos fatos”. Um universo problemático como o que sinalizamos se faz um ambiente fertilíssimo para a psicanálise. É um mundo desesperado que estoura em nossos ouvidos como ecos de socorro. Como pedido de auto - encontro. Daqueles que se apresentam como citamos na introdução: indivíduos fora de si mesmos perdidos numa identidade formada pela exigência e não pela sua construção natural, espontânea e desejada. Auteregoicos, indivíduos que assumiram a identidade do outro, impulsionados pela exigência da modernidade. Estes vivem as representações como se fossem a sua própria realidade, e às vezes já o é. Estabelecendo o conflito entre o real e o simbólico, o que segundo Jung, constrói as suas sombras e os afasta da sua teleologia, ou seja, da individuação.

É nesse ambiente que se localiza a clinica do vazio, como espaço cheio do nada, um nada que se traduz por impressões melancólicas, depressivas lutescas. Traduzidos nestes termos apenas tecnicamente, mas essencialmente para o que experimenta o vazio o melhor conceito seria, o nada o vazio mesmo. A psicanálise é talvez uma das melhores vias de acesso ao fim do túnel.Pois o que se vê em primeira instancia no túnel mais profundo é o vazio , mais um mergulho ousado e tão profundo quanto o túnel pode localizar luzes, capazes de encantar a existência.

Daí pensarmos psicanálise como um caminho para a solucionática do vazio, pela sua potencialidade em investigar os abismos mais escondidos do inconsciente humano, resignificando a história e a vida. No principio criou Deus o céu e a Terra e a Terra era sem forma e vazia. E Deus lhe foi resignificando com o instrumental da palavra. Haja luz e houve luz. A leitura de Deus sobre o vazio o fez criar com a palavra. A psicanálise com o instrumental da palavra pode trazer luz ao vazio da humanidade.

No hebraico o termo para designar palavra é Dabar, que significa acontecimento, ou seja, a palavra é acontecimento; por isso, o entendimento de que Ele falou e as coisas aconteceram. A palavra é a segunda ferramenta do psicanalizar, antes é preciso ler o vazio depois com a palavra fazer as coisas acontecerem.

A utilização da técnica psicanalítica casada com sentimento empático e vivencia da doutrina nos faz criadores de um mundo melhor. Por isso pra mim psicanálise é uma ciência, uma arte e uma paixão.

Coach de Negócios Line Coaching

Mudando a História do seu Negócio

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